EBD: Lição 02: O Corpo - A Maravilhosa Obra da Criação de Deus - 4º Trimestre 2025
INTRODUÇÃO
Há séculos o racionalismo e o cientificismo procuram explicar a existência humana. Segundo seus propagadores, essas escolas de pensamentos teriam suficientes respostas para o homem em sua busca de compreensão da realidade. Apesar disso, razão e ciência não conseguem desvendar nem mesmo todos os mistérios do corpo humano. Como resultado, o homem pós-moderno vive uma grande crise de identidade. Somente pela fé, por meio das Escrituras Sagradas, temos respostas sobre nossa constituição e existência.
I. A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS
1. Do pó da terra. Em sua sabedoria e infinito poder, Deus fez o corpo do homem (adam) do pó da terra (adamah) (Gn 2.7); uma estrutura magnífica composta, segundo estimativas, por cerca de 37 trilhões de células, tecidos, órgãos e sistemas, cujo funcionamento desafia a mais moderna ciência. Como o Criador, valendo-se de uma matéria-prima tão comum, fez uma obra tão extraordinária, complexa e completa? Esse mistério só pode ser entendido pela fé, como tudo o mais que Deus criou no Universo (Hb 11.3; At 17.22-28; Rm 11.33-36).
2. Deus, o Autor da vida. De uma das costelas de Adão, formou Deus a mãe de todos os viventes, Eva, em um corpo igualmente maravilhoso, porém, tão distinto em anatomia, fisiologia e genética (Gn 1.27; 3.20). Em relação a como os descendentes dos primeiros pais são formados no ventre materno, as Escrituras mostram que assim como na formação do primeiro homem e da primeira mulher, Deus é o Autor das vidas de todas as pessoas (Sl 139.13-15; Jr 1.5).
3. A individualizada formação integral. Deus forma espírito, alma e corpo de cada ser humano, conforme ocorre o ato de procriação que Ele mesmo estabeleceu, pela união íntima de homem e mulher (macho e fêmea) (Gn 4.1; Sl 33.15; Zc 12.1; Is 57.16). As Escrituras falam claramente da existência de vida humana completa (corpo, alma e espírito) ainda no ventre (Gn 25.22; Lc 1.15,39-44; Gl 1.15). Isso ressalta a grande perversidade do aborto e aponta para o sublime valor da maternidade, que deve ser cercada de cuidado e proteção — e conduzida em temor, amor e devoção (Sl 127.3-5; Sl 128.3). Uma boa nutrição física, afetiva e espiritual deve começar desde o início da gestação.
II. O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS
1. O divino tecelão. Em linguagem poética, Davi descreve a ação divina na formação do corpo humano no ventre materno apresentando Deus como o tecelão (Sl 139.13-15). A Bíblia na versão Tradução Brasileira (TB) usa a expressão “primorosamente tecido”, adjetivando a ação divina descrita nos versículos 13 e 15. Embora a Bíblia não dependa de confirmação, é relevante considerar que a ciência reconhece a formação dos órgãos e sistemas do corpo humano exatamente dos tecidos formados pelas células presentes no embrião.
2. Entendimento e louvor. A compreensão da maravilhosa obra divina na formação do corpo humano liberta-nos de toda especulação e dúvida e produz um sentimento de gratidão e louvor. Davi declarou: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Sl 139.14). No mesmo versículo o salmista usa a expressão “a minha alma o sabe muito bem”, demonstrando como a verdadeira fé produz entendimento e percepção espiritual corretos, gerando quietude interior. Quando o homem não se reconhece como obra do Criador, vive inquieto em busca de explicações sobre si mesmo e se torna vítima dos mais variados enganos, como a teoria evolucionista. Não glorifica a Deus e se perde em um mundo de idolatria e depravação (Rm 1.18-32).
3. O perigo dos extremos. Desde os tempos antigos, a humanidade tem oscilado entre dois extremos sobre o valor e a importância do corpo. De um lado, correntes de pensamento como o maniqueísmo, o platonismo e o gnosticismo espalharam ideias que viam a matéria de forma negativa, considerando o corpo algo essencialmente mau. De outro lado, havia o culto ao belo, como na Grécia Antiga. O desequilíbrio permanece. Vícios, automutilações e outras atitudes extravagantes deformam e desonram o corpo (Lv 19.28; Pv 23.29-35; 1Ts 4.4). Por outro lado, há o narcisismo moderno, marcado pela supervalorização do corpo em detrimento da alma e do espírito. A idolatria do “eu” leva à prática excessiva de selfies, publicações de si mesmo em redes sociais, cuidados estéticos, cosméticos e físicos em excesso (2Tm 3.2; 1Pe 3.3-5). Cuidar do corpo é importante, mas sem exageros. O cristão deve ser equilibrado em tudo (1Co 6.12).
4. Princípios ou regras? Quando falamos em corpo temos a tendência de logo pensar em regras, mas o viver cristão moderado consiste, acima de tudo, na observância dos princípios bíblicos. Um deles é fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31). Aplicável às práticas mais simples de nosso cotidiano, é um parâmetro espiritual mais eficaz que regras rígidas e inflexíveis, que podem nos levar ao legalismo (Mt 23.1-7,23). Devemos sempre refletir: o que fazemos com o nosso corpo glorifica a Deus ou visa agradar a nós mesmos? (Rm 14.21; 15.1-7).
III. O CORPO E A COLETIVIDADE
1. A prática relacional. Deus nos fez seres relacionais, gregários, sociáveis. Isso está explícito na ordem de procriação e enchimento da terra (Gn 1.28). Por isso, temos necessidades e deveres que vão além de nossa individualidade. Não fomos criados para viver isolados social ou afetivamente. Embora os recursos digitais tragam muitas comodidades para o homem moderno, o contato físico continua sendo essencial para a vida humana. A troca de afetos por meio de expressões corporais não é substituída pela frieza da tecnologia. Tiago qualifica a verdadeira religião e a fé viva por práticas relacionais reais, que exigem o envolvimento do corpo (Tg 1.27; 2.14-18). Como está nossa comunhão?
2. A prática congregacional. O corpo é um elemento fundamental do culto divino. As Escrituras nos advertem da necessidade da reunião coletiva, da vida congregacional (Hb 10.24,25). Muitos têm sido seduzidos e enganados pelos falsos discursos dos que criticam a igreja como instituição, sugerindo o cultivo de uma fé individual ou meramente virtual. Sejamos sábios e prudentes: o movimento dos desigrejados é antibíblico e altamente prejudicial à verdadeira vida cristã (Ef 4.1-3; 1Ts 5.11-15).
3. Tecnologia e culto. O corpo precisa não apenas estar presente no templo, mas envolver-se diretamente com o culto. Tanto o Antigo, quanto o Novo Testamento, enfatiza o aspecto corporal intenso da adoração (2Cr 7.1-4; Sl 27.4; 100.2-4; At 2.41-47). Deus quer a expressão de todo o nosso corpo em louvor ao seu nome (Sl 150.6; At 4.24,31; 1Co 14.26; 1Tm 2.8). Os recursos tecnológicos da atualidade, como drones, telões, celulares e tablets são muito úteis, mas se usados sem moderação podem nos distrair ou deixar inertes no culto. Até a educação secular já reconhece os prejuízos desse exagero tecnológico!
CONCLUSÃO
A verdadeira adoração ao Criador abrange a integralidade de nosso ser, o que inclui todo o nosso corpo (Rm 12.1; 1Co 6.20). Reconhecer-se como obra das mãos de Deus leva-nos a nos render à Sua soberania e permanecer confiando em Seu eterno poder (Jó 1.20-22; 2.10; 19.25-27). Que saibamos possuir nosso corpo em santificação e honra (1Ts 4.4).