EBD: Lição 07: Uma Igreja que não Tema a Perseguição - 3º Trimestre 2025
INTRODUÇÃO
Desde o seu início, a Igreja enfrenta oposição e perseguição. Por sua própria natureza, a fé cristã atrai sobre si a rejeição e a perseguição. Isso porque a fé cristã, por defender princípios exclusivos, muitas vezes se choca com os valores seculares e mundanos. Foi assim no primeiro século e é assim ainda hoje. Contudo, devemos destacar que a igreja não está sozinha nem abandonada no mundo. Deus é o seu dono e, portanto, o seu protetor. Vemos ao longo da história da Igreja o Senhor agindo de diferentes formas para dar livramento e vitória a seu povo. Assim, nesta lição, veremos como Deus faz isso capacitando e empoderando o seu povo para viver no meio de um mundo hostil.
I. A IGREJA PERSEGUIDA
1. Os perseguidores. Na Bíblia, vemos que as autoridades religiosas da época dos apóstolos começaram a se opor à Igreja (At 5.17,24). Atos 5 menciona três grupos: os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Os saduceus eram um grupo muito influente, com grande poder político e religioso. Eles tinham o apoio dos sacerdotes e dos anciãos, e, dentro dessas classes religiosas, eram os mais poderosos. Esse grupo já havia tentado atrapalhar o ministério de Jesus várias vezes, criando dificuldades sempre que podiam (Lc 20.27-40). Os anciãos eram líderes judaicos influentes, representando tanto aspectos religiosos quanto políticos, mas sem exercer funções sacerdotais no Templo. Já o capitão do Templo, mencionado também em Atos 4.1, era um sacerdote de nível inferior, mas que tinha autoridade policial dentro do Templo. Esses grupos, cada um com sua influência, viram a Igreja como uma ameaça e fizeram de tudo para impedir a pregação do Evangelho.
2. Esferas da perseguição. A perseguição dos judeus aos cristãos se dava em duas esferas: a religiosa, por verem a mensagem de Cristo como ameaça; e política, os romanos procuravam aumentar o capital político com os judeus.
a) Na esfera religiosa. Lucas registra que os religiosos judeus prenderam os apóstolos (At 5.17,18). À medida que os cristãos testemunhavam da sua fé com poder, ganhavam mais e mais admiração popular (At 2.47). Muitos já havia aceitado a fé (At 4.4). Esse número continuava crescendo (At 5.14). A inveja, portanto, provocou a ira desses líderes. Enquanto a Igreja crescia, o velho judaísmo farisaico regredia.
b) Na esfera política. Em Atos 12.1-5, vemos que a perseguição se dá na esfera estatal e é de natureza mais política, na esfera pública. Ali, o rei Herodes, um dos governantes que representava o império Romano na Judeia, mandou executar Tiago e prender o apóstolo Pedro. Sabendo que Pedro era um líder de destaque entre os apóstolos, queria com isso aumentar o seu capital político perante os judeus que se opunham à Igreja (At 12.3).
3. A Igreja enfrentará oposição. A Igreja sempre enfrentará opositores, de um jeito ou de outro. Isso acontece porque o Cristianismo Bíblico, por sua natureza, acolhe a todos, mas também estabelece princípios para quem deseja segui-lo. Por isso, muitas vezes, é visto como antiquado, preconceituoso e indesejado. A perseguição pode mudar conforme o tempo e o lugar, mas seu objetivo continua o mesmo: silenciar a voz da Igreja.
II. A IGREJA PROTEGIDA
1. Um anjo de Deus. Lucas destaca que em meio à perseguição, Deus provê livramento para os apóstolos (At 5.19). A igreja não era apenas perseguida, mas também protegida! Aqui a igreja contou com a presença de anjos, seres de natureza totalmente sobrenatural. Não é incomum a presença de anjos no Livro de Atos. Eles estiveram presentes na libertação de Pedro da prisão (At 12.7); com Filipe em sua missão evangelística (At 8.26); em missão na casa do centurião romano, Cornélio (At 10.3) e com o apóstolo Paulo em alto-mar (At 27.23,24). A Bíblia diz que eles estão a serviço daqueles que vão herdar a salvação (Hb 1.14).
2. A intercessão da Igreja. Atos 12.5 diz que a Igreja “fazia contínua oração” por Pedro. O mesmo texto bíblico que mostra um anjo no cenário da libertação de Pedro também revela a Igreja como um agente ativo nessa libertação. Não teria sentido Lucas destacar o papel da Igreja intercedendo por Pedro se isso não tivesse nenhuma relevância. É evidente que Deus é soberano e age como quer e quando quer. A morte de Tiago, irmão de João, é mencionada anteriormente e não temos uma explicação no texto bíblico do porquê Tiago não foi libertado (At 12.2). Contudo, esse evento certamente causou um impacto na Igreja, levando-a a orar ainda mais fervorosamente por Pedro. Deus respondeu à oração da igreja e libertou Pedro.
3. O valor da oração. Essa passagem bíblica, assim como muitas outras, mostra o grande valor da oração. Enquanto os cristãos oravam, o lugar em que estavam tremeu (At 4.31); quando Paulo orava, teve uma visão com Ananias de Damasco orando pela cura dele (At 9.11,12); enquanto Cornélio orava, um anjo se apresentou a ele (At 10.3) e os apóstolos oravam para que os cristãos fossem batizados no Espírito Santo (At 8.15). Não podemos subestimar o poder da oração. A conhecida frase “muita oração, muito poder; pouca oração pouco poder” ainda continua atual.
III. A IGREJA DESTEMIDA
1. Testemunho com poder. Tão logo foram libertos, os apóstolos começaram a testemunhar de sua fé (At 5.25). De nenhuma forma se sentiram intimidados. Estavam capacitados pelo poder do alto. Não é por acaso que o livro de Atos já foi denominado por antigos escritores de os “Atos do Espírito Santo”. Vemos o Espírito Santo operando por todo o livro, mesmo quando o seu nome não é mencionado. Ele é a fonte de poder da Igreja. Sem o Espírito Santo a Igreja perde o seu testemunho e se torna inoperante.
2. Convictos de sua fé. Lucas registra a ousadia do testemunho de Pedro (At 5.29). Nesse texto temos uma clara defesa dos valores cristãos. Ele mostra que a Igreja Primitiva não negociava sua fé, mesmo que isso lhe custasse caro. A mesma referência também é muitas vezes usada para justificar a desobediência cível por parte da igreja em relação ao Estado, quando este age contrariamente aos princípios adotados por aquela. De fato, isso está em foco. Contudo, não se trata de uma mera desobediência civil ou rebeldia, mas de uma defesa consciente daquilo que a igreja crê como fazendo parte da sua natureza e essência e que, por conta disso, não pode, de forma alguma, ser negociado.
CONCLUSÃO
Vimos como uma igreja capacitada pelo Espírito enfrenta perseguições. O cristão, portanto, não deve se assustar com elas. No contexto do Cristianismo Bíblico essa é a regra, não a exceção. Ninguém gosta de ser perseguido; contudo, as Escrituras nos previnem a respeito da realidade da perseguição na jornada cristã (Jo 16.33). Isso não significa que o sofrimento deve ser um alvo a ser alcançado, mas que devemos estar conscientes de que não podemos evitá-lo. Portanto, o nosso foco deve estar em Deus, pois Ele é quem pode nos guardar e capacitar no meio do sofrimento.