31 de Janeiro de 2014

Convenção Estadual adota temática \"Chamados para servir\" para 2014

Essa história é contada por uma mulher que ganhou uma viagem para a Europa. Naquele voo internacional, um dos comissários de bordo ficou doente e não pôde servir os passageiros. O voo estava lotado, e a tripulação tentava desesperadamente atender a todos. Essa mulher foi à chefe da tripulação e apresentou-se como voluntária para ajudar a servir a refeição, dizendo-lhe: “Estou tão feliz e grata por ter ganhado essa viagem para a Europa que não me importo de servir durante todo o percurso”.

A mensagem é clara para nós que conhecemos a Jesus Cristo. Nossa salvação e nossa viagem para o céu são gratuitas, pagas inteiramente pelo sangue de Cristo. Em gratidão pelo que Deus nos deu, não podemos nos importar em servi-lo durante o caminho. Entre todos os nomes e títulos que carregamos como crentes, nós somos “servos de Cristo Jesus”. (Filipenses 1.1). Assim Paulo chama-se a si mesmo e aos seus companheiros de ministério.

Servir os outros não é apenas uma coisa boa a se fazer nos feriados ou durante uma temporada especial. É um estilo de vida para aqueles de nós que declaramos o nome de Cristo. “Mas entre vós não é assim: pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Marcos 10.43-45).

Fomos chamados para servir – e isto significa que é um imperativo. “Não há duvida que Deus chamou vocês para uma vida de liberdade. Mas não usem essa liberdade como desculpa para fazer o que bem entendem, pois, assim, acabarão destruindo-a. em vez disso, usem a liberdade para servir o próximo com amor.” (Gálatas 5.13 – A Mensagem).

Em outra parte, Paulo disse aos cristão escravos: “Servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens” (Efésios 6.7). A palavra grega para “escravos” é a mesma que “servos” em Filipenses 1.1, o que inclui todo crente, independente de nossa condição social na Terra. Todos nós somos chamados, mandados ou ordenados a servir.

Em meio à pressão de tantas filosofias de vida, o principio de servir a Deus e ao próximo é algo totalmente estranho às pessoa hoje. Jesus Cristo diz que se alguém aspira ser o primeiro, atingir o topo, ser grande, deve buscar isso pelo ato de servir.

O apóstolo Paulo apresenta em Romanos 12.7, o “serviço” (diakonéo) como um dom do Espírito Santo: “Se ministério dediquemo-nos ao ministério…” Contudo, mesmo que o crente não tenha recebido o DOM, ele tem a responsabilidade de servir (1Co 12.4-6 e Cl 3.23-24).

Em síntese, “servir” é o ato de prestação de serviço que oferecemos a Deus. Mas como isto se tornar concreto? Jesus responde: “em verdade vos afirmo que sempre que fizerdes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mt 25.40). Também todas as vezes que oferecemos um culto a Deus, estamos lhe prestando um serviço (Ex 3.12 e Rm 12.1-2), pois todo culto é um serviço espiritual a Deus. Serviço é culto e culto é serviço.

O EXEMPLO DE SERVIR

Em João 13, temos a lição que Jesus nos dá sobre o serviço cristão.

Servir é um ato praticado sem propaganda ou anuncio prévio. Jesus não disse: “Meus amigos, agora vou demonstrar a vocês o que é servir”. Pelo contrário, Jesus saiu da mesa quase despercebidamente e sem estardalhaços, e, pegando uma toalha, bacia com água, foi de pessoa a pessoa lavando os seus pés. Jesus sempre condenou o serviço com ostentação: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles, doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai celeste” (Mt 6.1).

Servir é agir. Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus não fez nenhum curso preparatório de “lava pés”. Ele simplesmente serviu, pois não existe nenhum treinamento para ser servo. Os verbos denotam a sua ação: “levantou-se”, “tirou”, “tomando”, “cingiu-se”, “deitou”, “passou a lavar”, “enxugar-lhos” (Jo 13.4-5). Jesus ensinou servir, servindo. É como o dito popular: “quem serve, serve; quem não serve, não serve”. O cristão deve servir a partir da compreensão que ele tem da sua identidade de servo. Jesus serviu porque Ele sabia quem era, de onde veio e para onde ia.

Servir envolve tanto o ato de receber como o de oferecer. Às vezes, receber o favor de alguém exige de nós mais nobreza do que dar. Nenhum dos discípulos presentes à ceia, tomou a iniciativa de lavar os pés de Jesus. Ao aproximar-se de Pedro, este lhe disse: “Senhor, tu me lavas os pés a mim?”. Jesus era o Mestre e Pedro o discípulo. O principio estabelecido por Cristo é que cada servo seu, deve estar pronto para servir e ser servido. É a pratica da mutualidade cristão: SERVI UNS AOS OUTROS (1Pe 4.10).

Servir é seguir o exemplo de Jesus Cristo. No “lava pés”, Jesus é o senhor que se faz servo. O seu objetivo é deixar o exemplo a ser seguido pelo discípulo: “Ora, se eu, sendo o senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.14,15).

Servir é a prática que produz felicidade. Para os gregos, servir é algo indigno. Dominar, e não servir é que dignifica o homem. Entretanto, Jesus Cristo contradiz a sabedoria grega quando diz: “Ora, se sabeis estas cousas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13.17). O que significa isto? Temos que obedecer, se quisermos desfrutar da alegria de servir. Se apenas estudarmos e discutirmos sobre servir e não praticarmos, não desfrutaremos da alegria plena. A felicidade começa quando colocamos “a mão na massa”. A pessoa que não serve, vive sem alegria. “Quem não vive para servir não serve para viver”.

SERVIMOS A DEUS AO SERVIR OS OUTROS.

O mundo define grandeza em termos de poder, posses, prestigio e posição. Se puder exigir que as outras pessoas o sirvam, você conseguiu chegar lá. Em nossa cultura egoísta, com sua mentalidade do “eu primeiro”, agir como servo não é uma noção apreciada.

Jesus entretanto, mediu a grandeza em termos de serviço, e não de posição social. Deus avalia nossa grandeza pela quantidade de pessoas que servimos, não pela quantidade de pessoas que nos servem. Os discípulos debateram sobre quem merecia a posição de maior destaque, e, dois mil anos depois, lideres cristãos ainda fazem manobras em busca de posição e proeminência nas igrejas, denominação e organizações.

Milhares de livros tem sido escritos sobre a atividade do líder, mas poucos sobre a atividade do servo. Todos querem liderar, mas ninguém quer ser servo. Preferimos ser generais a ser soldados rasos. Até mesmo os cristãos querem ser “lideres-servos”, e não apenas simples servos. Mas ser como Jesus é ser servo. Foi assim que ele chamou a si mesmo.

  No céu, Deus irá recompensar abertamente alguns de seus servos mais desconhecidos – pessoas das quais nunca ouvimos falar na terra, que orientaram crianças emocionalmente perturbadas, limparam idosos que sofriam de incontinência, cuidaram de pacientes com AIDS e serviram de milhares de maneiras que desconhecemos.

Sabendo disso, não desanime quando seu serviço foi desconhecido ou nem for notado. Persista em servir a Deus! “Lancem no trabalho do Senhor, confiantes de que nada que vocês façam para ele seja perda de tempo ou de esforço”. (1Co 15.58-Msg ) Mesmo o menor serviço é reconhecido por Deus e recompensado. Lembre-se das palavras de Jesus: “E se, como meus representantes, vocês derem até mesmo um copo d´água fria a uma criança, será seguramente recompensados”. (Mt 10.42-BV ).

397O autor:

Pastor José de Bem é Coordenador do Departamento de Comunicação da CIADESCP e Presidente da AD em Urussanga.

Bibliografia

Tony Evans – 2006 – A Igreja Gloriosa de Deus. Rick Warren – 2003 – Uma Vida com Propósitos.