13 de Julho de 2023

EBD: Lição 3: O Perigo do Ensino Progressista - 3º Trimestre 2023

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos que os ensinos progressistas enfraquecem a autoridade da Bíblia. Suas heresias propagam que as Escrituras contêm erros, que Deus não é Soberano e que o sobrenatural é um mito. São indiferentes à doutrina bíblica do pecado, relativizam os valores morais e defendem a necessidade de “ressignificar” a fé cristã. Por conseguinte, seus ensinos progressistas resultam na descaracterização do cristianismo bíblico. Nesta oportunidade, verificaremos alguns de seus heréticos conceitos e os meios espirituais pelos quais a Igreja deve resistir aos seus efeitos maléficos (Jd 1.3).

I- A DESCARACTERIZAÇÃO DO CRISTIANISMO

1- A deterioração moral. A expressão bíblica ”últimos dias” faz alusão ao período anterior à volta de Cristo, sendo retratado como um tempo “extremamente difícil” (2 Tm 3.1). O apóstolo Paulo alerta que o comportamento humano estará associado à impiedade, caracterizada pela profunda degradação moral (2 Tm 3.2-4). Por isso, a lista paulina é uma descrição da escalada dos pecados na sociedade. E o enfraquecimento da doutrina bíblica e o relativismo, que não aceita norma moral absoluta, instigam a má conduta da humanidade. O atual é alarmante crescimento do pecado e uma indicação de que já vivemos esses últimos dias. Não obstante, apesar das investidas heréticas, a Bíblia nos adverte a viver em santidade em qualquer época da jornada cristã (1 Pe 1.15, 23-25).

2- A erosão da ortodoxia. O ensino progressista representa um ataque ideológico à ortodoxia bíblica. Suas te­ses reduzem o texto bíblico a um mero registro de experiências religiosas. Desse modo, o fundamento da fé cristã é questionado, isto é, a autoridade bíblica é rejeitada e suas verdades negligenciadas; o conteúdo doutrinário cede espaço para a cultura, o entretenimento e ao resultado a qualquer custo; os cristãos tornam-se “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Tm 3.4); a vida em igreja fica desprovida do poder do Espírito, sendo incapaz de ser instrumento de transformação do caráter das pessoas (2 Tm 3.5; 2 Co 4.2,3). Portanto, não podemos negociar a verdade de que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus, dada pelo Espírito Santo, capaz de constranger a consciência dos pecadores (2 Tm 3.16,17).

3- A corrupção da fé. Com o caráter humano maculado e a corrosão da or­todoxia, promovidos pelo progressismo no ensino, o cristianismo e a fé bíblica são descaracterizados. Não por acaso, o apóstolo Paulo acrescenta as práticas dos falsos cristãos (2 Tm 3.2-4) à repulsiva conduta da luxúria e de várias concupiscências (2 Tm 3.6). Os hereges cativam as pessoas por meio da sedução e do engano. Escravos que são das paixões, eles acreditam que os prazeres do corpo não podem contaminar a alma. Por isso, os pecados morais, a libertinagem e o abuso do corpo são tolerados, tais como: a prostituição, a ideologia de gênero, as drogas, o aborto, o relativismo moral etc . A rebeldia e a ausência de genuína conversão os impedem de alcançar o conhecimento da verdade (2 Tm 3.7). Por fim, o engano desses mestres e seus seguidores será objeto do juízo divino (2 Tm 3.8).

II – AS TEORIAS PROGRESSISTAS

1- A desconstrução da Bíblia. O ensino progressista e o desdobramento do liberalismo teológico. Sua principal característica é o repúdio a inspiração e inerrância da Bíblia (2 Tm 3.16). A Ênfase do Progressismo repousa no antropocentrismo (homem como centro). Esse ensino produz pessoas egocêntricas e retira a convicção do pecado (2 Tm 3.2). O parâmetro progressista e de reinterpretação das Escrituras para satisfazer a concupiscência humana (2 Tm 4.3). Então, propaga-se um “evangelho” em que a salvação do homem ocorre por meio de uma reforma social com a relativização do pecado, da moral e da fé bíblica (Gl 1.7-10). Assim, o termo “progressista” refere-se às teorias que se distanciam do cristianismo bíblico, em especial na deturpação das doutrinas e dos valores cristãos (Fp 3.18,19; 2 Pe 2.19).

2- O Teísmo aberto. Outra corrente da teologia liberal/progressista é o ensino do teísmo aberto. Nessa teologia, Deus é limitado, não conhece o futuro em detalhes, não exerce o controle­ absoluto sobre o universo e nem sobre a vida humana. Afirma-se que o conhecimento divino das coisas que estão por acontecer depende das ações livres dos homens. Rejeita-se o conceito de presciência em que Deus sabe todas as coisas antecipadamente.

Nessa heresia, Deus foi surpreendido pelo pecado no Éden e forçado a redesenhar a história (Gn 3.8-19). Essa ênfase extremada nas decisões do homem sacrifica a soberania de Deus, e a autolimitação divina anula o que a Bíblia ensina sobre a queda e a corrupção do gênero humano, afetando assim a doutrina da providência divina e da presença do mal moral no mundo. Logo, embora seus postulantes não reconheçam publicamente, a conclusão é bem lógica: Se Deus não é Soberano, então, não faz sentido orar a Ele.

3- A Teologia da Demitologização. Em 1958, Rudolph Bultmann propôs um programa de demitologização do texto bíblico. O mito é uma história de caráter religioso que não tem fundamento na realidade, e que se destina a transmitir um conceito de fé. Para esse teólogo alemão havia mitos na Bíblia e era preciso separá-los da verdade. Nesse pensamento, o Céu e o Inferno, a tentação, os demônios e a possessão demoníaca passam a ser vistos como mitológicos. Até a doutrina da concepção, do nascimento virginal e a promessa da vinda de Cristo são classificados como mitologia. Nessa teologia, a Bíblia só é crível se dela forem extirpados os milagres, os sinais e outras revelações sobrenaturais. Em oposição a esses disparates, ratificamos que a Bíblia é a verdade plena de Deus, atestada pelo Espírito Santo, sustentada pela história e confirmada por milhões de pessoas alcançadas pela fé em Cristo (2 Pe 1.21).

III – REFUTANDO O ENSINO PROGRESSISTA

1- Reafirmando a autoridade bíblica. Em refutação ao ensino progressista é indispensável reafirmar a doutrina da inspiração divina, verbal e plenária da inerrante Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17) e validar o princípio de Sola Scriptura instituído na Reforma, que estabelece a Bíblia como a única regra infalível e autoridade final de fé e prática. Nessa direção, Lutero advertia sobre a necessidade de distinguir entre o que foi entregue por Deus nos textos sagrados e o que foi inventado pelos homens no contexto da pesada tradição romana na Idade Média. Armínio, por sua vez, alertava que a perfeição das Escrituras é solapada quando sua verdade é negada ou reinterpretada. Desse modo, a autoridade bíblica é ratificada quando se oferece resistência a presunção das ideologias humanas em acrescentar ou retirar alguma coisa das Escrituras (Ap 22.18,19).

2- Ensinando as doutrinas bíblicas. A Grande Comissão confiada a igreja consiste em fazer e ensinar discípulos (Mt 28.19,20). Compreende uma orde­nança proclamadora e um mandato educacional. A incumbência é tanto de formação quanto de transformação de indivíduos. É responsabilidade da Igreja evangelizar o mundo e ensinar as doutrinas bíblicas (2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo exorta a necessária dedicação ao ensino (Rm 12.7). A atividade é essencial para instruir, expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16). Essa atuação é primordial na transformação da velha natureza (Ef 4.22-24), formação do caráter cristão (Ef 4.13), resultando no genuíno crescimento de uma igreja espiritualmente saudável e doutrinariamente bíblica (Ef 4.16).

3- Enfatizando a santificação. O fortalecimento da autoridade bíblica e o aprendizado das doutrinas cristãs precisam estar atrelados a uma vida de santidade (1 Pe 1.16). O verbo santificar vem do grego hagiazo que significa “separar, purificar, consagrar”. O adjetivo “santo” é tradução do vocábulo “hagios”. Desse modo, a santificação é a operação do Espírito Santo em manter o crente separado do pecado e consagrado a Deus (Rm 12.1,2). É a continuação da obra iniciada na regeneração (Ef 1.13), quando o salvo recebe novidade de vida (2 Co 5.17) e se estende até o dia da glorificação do crente (Rm 6.22). A ênfase está na obediência à Palavra de Deus (Tg 1.22), no abandono das concupiscências (1 Pe 1.13,14) e numa vida de retidão moral em toda a maneira de viver (1 Pe 1.15).

CONCLUSÃO

As Escrituras advertem que a conduta humana dos “últimos dias” é de repulsiva descaracterização da fé. A heresia progressista crítica as Escrituras, promove o enfraquecimento da ortodoxia, instiga a frouxidão moral e afasta as pessoas do verdadeiro cristianismo. Contudo, a postura da Igreja não deve ser de inércia, mas de resistência à iniquidade. A defesa da fé ocorre quando os valores imutáveis e atemporais da Bíblia são exercitados pelo poder de Deus na vida diária do crente salvo (1Co 2.4,5).