LIÇÃO 12 – A morte de Jesus | 21/06/2015
A morte de Jesus não foi apenas um episódio de natureza histórica. Na verdade, sua morte estava no desígnio e presciência de Deus (At. 2.23), estabelecido desde a eternidade (I Pe. 1.20; Ap. 13.8). Na aula deste final de semana destacaremos o significado da morte de Jesus no plano da salvação, destacando inicialmente a abordagem política de Pilatos. Em seguida, destacaremos o significado da morte de Jesus para Simão Cirineu, as mulheres de Jerusalém, e os malfeitores. E ao final, o significado do Pai, que providenciou em Jesus o sacrifício vicário para nossa salvação.
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- A MORTE DE JESUS E A POLÍTICA DE PILATOS
Pilatos foi o governador da Judéia no período de 26 a 36 d. C., e como a maioria dos políticos, tinha a preocupação de manter sua popularidade perante a população. Por causa disso, durante o julgamento de Jesus, mostrou-se escorregadio em relação as suas decisões. Na verdade, a vontade de Pilatos foi esquivar-se da morte de Jesus (Lc. 23.1-5). De igual modo, os políticos não costumam compreender o significado da morte de Jesus. Para alguns deles Jesus é apenas um nome por meio do qual tentar ganhar votos, a fim de satisfazer seus interesses pessoais. O Senhor foi acusado pela religião, que incitou o poder político, a condenar e crucificar Jesus. Ainda hoje essa relação entre religião e estado é extremamente danosa, muitos políticos se aproximam das igrejas evangélicas, com um discurso aparentemente moralista, a fim de ter apoio eleitoreiro. Por outro lado, algumas lideranças se dobram a esses interesses, e se necessário for, fazem concessões ao evangelho, a fim de tirarem proveito dessa relação. Pilatos reconheceu a inocência de Jesus Lc. 23.15), mas em nome da política dos homens preferiu entregá-lo à opinião pública. Há muitos governantes que sabem o que deve ser feito, mas não tomam uma atitude correta, preferem o pragmatismo para não perderem votos. Como geralmente acontece no plano da política dos homens, Pilatos e Herodes lançaram a responsabilidade de um para o outro em relação à morte de Jesus (Lc. 23.6-12). Pilatos, por fim, decidiu lavar as mãos, e entregar Jesus ao povo, incitado pela religiosidade, para satisfazer a multidão (Mc. 15.15).
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- A MORTE DE JESUS, SIMÃO CIRINEU, AS MULHERES E OS MALFEITORES
Os estudiosos não concluíram se Jesus carregou uma cruz ou apenas uma estaca, que seria afixada em uma haste, que comporia a cruz na qual foi pregado (Jo. 19.17). Fato é que Jesus não foi capaz de seguir adiante, carregando a cruz, por isso Simão foi chamado para ajuda-lo, conforme estava previsto na lei romana (Mt. 5.41). Esse Simão não é o discípulo do Senhor com mesmo nome, na verdade esse prometera ficar ao lado do Senhor, mas O abandonou durante a perseguição. O Simão que partilhou o peso do instrumento de crucificação era um estrangeiro, que havia percorrido mais de 1.200 quilômetros, desde a África para celebrar a Páscoa. Tudo indica que esse Simão se converteu a Cristo, sendo posteriormente identificado como pai de Alexandre e de Rufo (Mc. 15.21). A tragédia da crucificação de Jesus possibilitou que aquele estrangeiro religioso tivesse um encontro pessoal com o Cristo. Essa é uma realidade atestada nos dias atuais, muitas pessoas estão encontrando Jesus, distanciando-se da mera religiosidade, principalmente nas situações adversas. As mulheres que testemunharam aquele episódio também se identificaram com o sofrimento de Jesus. O Evangelho segundo Lucas destaca o papel das mulheres no ministério do Senhor. Mais uma vez, diante da crucificação do Senhor, as mulheres mostraram sensibilidade e afeição pelas dores do Cristo (Lc. 23.27-31). Se fizermos um censo, atestaremos que o número de mulheres que se aproximam de Cristo é sempre maior que o de homens. Elas são mais sensíveis à mensagem da cruz, são mais propícias à aceitação do evangelho do Senhor. Os malfeitores também foram alcançados pela graça maravilhosa desse evangelho. Enquanto que os religiosos pediram a crucificação de Jesus, um dos malfeitores entre os quais Ele foi contado se arrependeu dos seus pecados (Lc. 22.37; Mt. 27.38). Um ladrão percebeu que estava diante de um Rei, e clamou para que fosse lembrando no Reino de Cristo (Lc. 23.35-43). Ainda hoje Jesus atrai para SI aqueles que se encontram nas condições mais deploráveis (Mt. 21.28-32).
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- A MORTE DE JESUS E A VONTADE DO PAI
A morte de Jesus não foi apenas um fato na dimensão horizontal, envolveu uma transação vertical, retratada com maestria por Isaias (Is. 53). Cristo não tinha pecado, mas fez-se necessário que Ele morresse a nossa morte, para a salvação dos nossos pecados. Ele foi feito pecado por nós, por esse motivo as trevas envolveram a cruz (II Co. 5.21). A própria natureza partilhou dos efeitos daquela situação, o clamor de Jesus retomou a declaração do salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Sl. 22.1; Mc. 15.33; Mt. 27.45,46). Ao final Jesus clamou em voz alta: “Está consumado” (Jo. 19.30), pois na cruz Ele cumpriu o propósito divino da salvação (Jo. 17.4). Por isso quando Ele entregou o espírito ao Pai, como um ato voluntário, o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mc. 15.38). De modo que, a partir de então, temos livre acesso à presença de Deus (Hb. 4.6), e pela fé podemos nos achegar, e chamá-LO de Pai (Gl. 4.6). Lucas registra ainda que: 1) o centurião reconheceu que Jesus era o Filho de Deus (Lc. 23.47); 2) os expectadores deixaram o recinto, pois queriam ver apenas o show (Lc. 18.3); e 3) as mulheres permaneceram no local, partilhando a dor do Senhor (Lc. 24.22). Diante dessas reações, a pergunta crucial parece ser: como as pessoas reagem diante da morte de Jesus? Esse é o critério a respeito do qual é possível determinar a ortodoxia ou heterodoxia de uma crença. Se Jesus foi apenas um grande iniciador religioso, se a Sua morte não teve significado espiritual, então é vã a nossa fé. Mas pelo testemunho do evangelho temos a convicção que a morte de Jesus não foi um episódio casual, naquele ato Deus estava reconciliando os pecadores, isso porque Aquele que não conheceu pecado se fez pecado por nós (II Co. 5.21).
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CONCLUSÃO
Por que Cristo morreu? Essa pergunta tem sido feita ao longo da história do pensamento teológico, e muitos pensadores querem trazer uma resposta razoável. A fundamentação bíblica destaca a caráter vicário e expiatório da morte de Jesus. A Sua morte foi o sacrifício perfeito pelos nossos pecados (Cl. 1.22;I Pe. 1.19). De modo que somos salvos não pelas nossas obras, mas pelo sacrifício de Jesus na cruz do calvário (Ef. 2.8,9), por meio do qual fomos reconciliados com Deus (II Co. 5.5).
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BIBLIOGRAFIA
MARSSHALL, I. H. Luke: historian and theologian. Downers Grove: IVP, 1998. WEIRSBE, W. W. Luke: be courageous. Colorado Springs: David C. Cook, 1989.
Por Evangelista José Manoel de Souza - Diretor de Ensino AD Içara