LIÇÃO 3 – A infância de Jesus | 19/04/2015
INTRODUÇÃO
Na aula deste final de semana estudaremos a respeito da infância de Jesus, reconhecendo, a princípio, que os evangelhos tratam muito pouco a respeito do assunto. Inicialmente mostraremos que como criança, Jesus cresceu fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Em seguida, nos voltaremos para a juventude de Jesus, ressaltando sua dedicação com o serviço do Senhor. Ao final, refletiremos sobre o papel das crianças na igreja, fundamentados nas abordagens de Jesus, em relação aos pequeninos.[spacer height="20px"]
1. O CRESCIMENTO DE JESUS
Existem vários livros apócrifos que tratam a respeito da infância de Jesus, bem como algumas “biografias”, mas nenhum deles tem fundamentação evangélica, ou mesmo histórica. O evangelista que aborda de maneira mais detalhada a infância de Jesus é Lucas. De acordo com esse escritor sacro, Maria e José voltaram a Nazaré, para a casa onde moravam. Como Jesus era um nome comum entre os judeus, ele era denominado de Jesus, o nazareno (At. 2.22).
Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;
Lucas destaca que o menino Jesus cresceu fisicamente, mentalmente e espiritualmente (Lc. 2.40, 52).
E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.
Conforme alude Paulo, o Filho de Deus colocou-se na condição de servo (Fp. 2.1-11),
PORTANTO, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai.
sujeitando-se inteiramente ao Pai. Com base na palavra grega helikia, em (Lc. 2.52),
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.
podemos afirmar que Jesus cresceu em estatura. O corpo, diferentemente do que assumem alguns cristãos, não é mau, antes é o tabernáculo do Espírito Santo (I Co. 3.16,17).
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
O crescimento físico de Jesus deve inspirar-nos a cuidar bem do nosso corpo (Ef. 5.28).
Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
O texto também declara que Jesus cresceu em sabedoria, isto é, em conhecimento. Como homem, ele buscou desenvolver a psique, enchendo-se de sabedoria (Lc. 2.40).
E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
Assim como fez Jesus, e também orientou Paulo a Timóteo (II Tm. 3.15),
E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
devemos investir no crescimento mental, sobretudo por meio da meditação na Palavra de Deus, mas também lendo bons livros (II Tm. 4.13).
Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
O crescimento de Jesus envolveu também a dimensão espiritual, na graça de Deus. A palavra grega é charis, ressaltando o favor divino, a vida piedosa. Cristo sempre buscou intimidade com o Pai, se Ele assim o fez, não podemos desprezar o exercício da piedade (I Tm. 4.7).
Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão.[spacer height="20px"]
2. A JUVENTUDE DE JESUS
Lucas registra apenas um episódio na juventude de Jesus, ressaltando a devoção dos seus pais, Maria e José. Era comum os judeus irem a Jerusalém todos os anos, a fim de observarem a Pascoa. Em sua narrativa, o evangelista descreve que Jesus estava com 12 anos, e teria ido a Jerusalém, para celebrar a páscoa. Na volta, após um dia de viagem, José e Maria certamente pensaram que Jesus estava em outro grupo, nas caravanas que faziam aquele percurso. Até que descobriram que tinham perdido o jovem, o que os deixou aflitos (Lc. 2.48).
E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.
Quando Maria O encontrou, Ele estava entre os mestres do templo, discutindo as Escrituras, deixando-os admirados. Sua mãe O repreendeu por ter causado aquele transtorno, compreensível do ponto de vista materno. A resposta do jovem, no entanto, demonstra seu compromisso com a missão espiritual: “Por que me procuráveis? Não sabeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc. 2.49).
E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
Na juventude Jesus teve consciência da sua relação com o Pai, Ele sabia que estava na terra para cumprir uma missão. O comprometimento de Jesus com o serviço do Pai serve de inspiração para os jovens da atualidade. Ele cresceu de maneira equilibrada (Lc. 2.52),
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.
sem extremismos, valorizando as diferentes facetas da humanidade, sem negligenciar a vontade de Deus (Mt. 6.33).
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
[spacer height="20px"]
3. JESUS E AS CRIANÇAS
Durante Seu ministério terreno, Jesus sempre se identificou com as crianças, esse inclusive é um dos destaques do Evangelho segundo Lucas. Certa feita, quando quiseram desprezar as crianças que tentavam se aproximar dEle, citou o (Sl. 8.2).
Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.
Cristo deu liberdade às crianças, possibilitando que essas se achegassem a Ele (Mt. 19.14).
Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus.
Os cinco pais e dois peixinhos, usados por Jesus para realizar o milagre da multiplicação, foram trazidos por uma criança (Jo. 6.9).
Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
Muitas coisas Deus pode fazer através das crianças, devemos seguir o exemplo do Mestre, e dar oportunidades para que os pequeninos desenvolvam seu potencial. Aqueles que tentaram privar as crianças de se aproximarem do Senhor foram por Ele repreendidos (Mc. 10.14).
Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus.
Devemos de igual modo mostrar indignação quando as crianças forem privadas dos seus direitos, seja no contexto eclesiástico ou na sociedade em geral. O evangelista mostra o caso de uma criança que estava possessa por um espírito mau, que tentava destruí-la, mas que fora liberta por Jesus (Mc. 9.22).
E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.
Tenhamos cuidado das crianças, para que essas não fiquem à mercê das forças do mal, sob a influência dos programas televisivos e jogos de vídeo game. O Jesus dos evangelhos, chama as crianças para junto de Si, Ele as atrai graciosamente (Lc. 18.16).
Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.
Jesus ressuscitou a filha de Jairo, demonstrando interesse por ela, ainda que fosse desprezada pela sociedade (Lc. 8.54).
Mas ele, pondo-os todos fora, e pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina.[spacer height="20px"]
CONCLUSÃO
Jesus foi criança, e também jovem, e compreende os desafios inerentes a esse período de amadurecimento. A identificação do Mestre com as crianças e jovens serve de inspiração para que os cristãos busquem atrair essas pessoas ao convívio da comunidade cristã. Não podemos esquecer que quando os discípulos disputavam entre si, a respeito de quem seria o maior, Jesus pôs uma criança no meio, destacando que quem quisesse ser o maior, que fosse como uma criança (Mt. 18.1-6).
NAQUELA mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus?E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus.Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe.Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.
[spacer height="20px"]
BIBLIOGRAFIA
MARSSHALL, I. H. Luke: historian and theologian. Downers Grove: IVP, 1998.
WEIRSBE, W. Be compassionate (Luke 1-13). Colorado Springs: David Cook, 1988.
Bíblia digital HÁBIL 3.0.
Por Ev. José Manoel de Souza