LIÇÃO 3 – O Deus que intervém na história | 19/10/2014
I - INTRODUÇÃO:
Humanamente, é impossível alguém revelar o sonho de uma pessoa, sem que esta o conte primeiramente. Portanto, o que Nubucodonosor exigia de seus sábios era uma loucura. A bem da verdade é encontramos muitos homens loucos, ou pelo menos agindo como tal, quando tenta adivinhar o que poderá acontecer acerca disto ou daquilo. Mas, mediante a oração, Deus mostrou a Daniel a mesma visão concedida ao rei, razão por que ele e todos os entendidos do reino foram salvos da morte.
II - O SONHO DO REI NABUCODONOSOR:
Havia-se passado algum tempo, desde que Daniel concluirá seu treinamento na escola palaciana. Ele fora aprovado por Nabucodonosor, e ficara “perante o rei” (Dn 1.18,19).
(1) - A crise provocada por um sonho - Nabucodonosor teve um sonho, mas não entendeu o que presenciou. Por isso, seu espírito se perturbou, a ponto de perder o sono, porque guardava a certeza, de que a visão cercava algo de muita importância (v.l).
Convocou todos os sábios de seu reino, isto é, os magos, os encantadores, os astrólogos, os caldeus, para que lhe declarassem a revelação e a sua interpretação. Observamos que Daniel não foi convocado, mesmo, pouco tempo antes, tivesse sido avaliado dez vezes mais sábio que os entendidos do reino (Dn 1.20).
O rei, no princípio da conversa, prometeu uma recompensa material (v.6), e terminou sua mensagem com a ameaça da morte de todos (v.12). Como não puderam dar a resposta que ele exigia, este, muito irado, decretou o extermínio de todos os sábios da Babilônia. Daniel e seus amigos foram agora lembrados para serem mortos (v. 13). Isto mostra que eles, efetivamente, faziam parte dos conselheiros do rei.
(2) - O pouco valor dado à vida humana- Em um momento de capricho do rei da Babilônia, todos os sábios do reino foram condenados à morte! Um pequeno exemplo do que o paganismo tem a oferecer a seus seguidores.
A esperança da humanidade é o Evangelho de Jesus Cristo. Esta mensagem, divulgada e recebida entre os povos, através da obra missionária, fez com que o poder da palavra começasse a influenciar positivamente a atitude das pessoas frente à vida, e modificou até mesmo a legislação de muitos países. Os “direitos humanos” são fruto do Cristianismo.
O Evangelho trouxe também a valorização da mulher. Nos países pagãos, ela tem pouco ou nenhum valor. Mas a Bíblia ensina: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo” (Gl 3.28). Onde a Bíblia penetra e é praticada, a mulher tem o mesmo valor do homem.
(3) - Daniel, o homem certo, no momento apropriado - Daniel, sabedor do decreto real, pediu que lhe fosse dado um tempo, para que pudesse revelar e interpretar o sonho do rei (v. 16). Foi um grande passo de fé, e mostra que ele já sabia, por experiência própria, que Deus nunca falha. Fez saber o caso aos seus amigos e, juntos, oraram, pediram misericórdia a Jeová quanto ao segredo, para que Daniel fosse o instrumento para a salvação não só deles próprios, mas também dos sábios da Babilônia, naquele momento crítico para todos (v. 17,18).
(4) - Deus responde a oração - Deus respondeu a oração, ao revelar o segredo a Daniel, numa visão de noite (v. 19). Ele experimentou mais uma vez que a sombra das asas do Senhor é abrigo seguro nas calamidades (SI 57.1), pois Jeová é socorro bem presente na angústia (SI 46.1), e quando lançamos o nosso cuidado sobre o Todo-poderoso, Ele nos sustém (SI 55.22).
O louvor do profeta (vv.19-23) é um modelo de oração que brotou de um coração quebrantado diante da soberania divina. “Invoca-me no dia da angústia, e eu te livrarei, e tu me glorificarás” (SI 50.15).
(5) - Daniel conta o sonho ao rei - Daniel foi introduzido na presença de Nabucodonosor que estava ansioso (v.26). O profeta confirmou o que os sábios haviam anteriormente dito, isto é, aquilo que o rei requeria, ninguém era capaz de descobrir. Mas o Deus dos céus revela todos os segredos (v.28). Ele estava ali da parte do Todo-poderoso, para contar ao rei o sonho, e dar-lhe a devida interpretação (vv. 31-36).
III - DANIEL REVELOU E INTERPRETOU O SONHO:
O sonho era um resumo profético dos acontecimentos que vão desde o cativeiro babilônico, até a vinda de Cristo em glória, no término da Grande Tribulação.
Inteirar-se do significado desta visão é de suma importância para nós que vivemos às portas do Arrebatamento da Igreja, pois esta visão ajuda a compreender globalmente a palavra profética.
(1) - A cabeça de ouro, o reino babilônico (625 a 538 a.C., vv. 37,38) - “Tu és a cabeça de ouro”, disse Daniel ao rei, “porque Deus te tem dado o reino, o poder, e a força, e a majestade”.
Babilônia, nos dias de Nabucodonosor, detinha a hegemonia mundial, após ter derrotado a Assíria, em 612 a.C. No ano 587 a.C. Jerusalém foi destruída, e o povo feito cativo, para cumprir-se o que Deus falara por Jeremias : “…e os farei tornar a esta cidade, e pelejarão contra ela, e a tomarão, e a queimarão a fogo” (Jr 34.22).
Depois da morte de Nabucodonosor, encontramos entre os seus sucessores o rei Nabonido (556-538 a.C.). Belsazar, seu filho, estava como corregente na cidade da Babilônia, quando o Império Caldeu ruiu derrotado por Ciro, rei da Pérsia.
(2) - O peito e os braços de prata, o reino medo-persa (538 a 330 a.C., v.39) - Ciro, o grande, logo no início de seu reinado, fez a famosa proclamação que permitiu aos judeus de seu reino retornarem a Judá e reconstruírem o templo de Jerusalém que Nabucodonosor havia destruído (Ed 1.1-3). Desta forma, cumpriu-se a palavra de Isaías acerca de Ciro, proferida 200 anos antes (Is 44.26-28; 45.1).
Enquanto grande número deles voltou a Jerusalém, muitos permaneceram na Babilônia, agora sob o domínio persa. Neste contexto político-histórico, inserem-se os fatos relatados no livro de Ester.
O reino medo-persa foi conquistado por Alexandre, o Grande, rei da Grécia.
(3) - O ventre e as coxas de cobre, o reino grego (330 a 167 a.C., v.39) - A respeito deste reino, Daniel disse: “Terá domínio sobre toda a terra” (v.39).
O rei Alexandre morreu aos 33 anos, sem deixar herdeiros, e o império foi dividido entre seus quatro principais generais.
(4) - As pernas de ferro, o império romano (167 a.C. a 476 d.C, v.40) - Quando Jesus nasceu, a Palestina estava sob o domínio de Roma. Pilatos, um governante romano, ratificou a sentença de morte de Cristo.
Depois que o império romano foi derrotado em 476 d.C., não surgiu mais outro reino mundial.
(5) - Pés com dedos de ferro, misturado com barro, um conjunto de reinos(vv.41-43) - O versículo 44 mostra que estes dedos representam reis. Esta profecia relaciona-se com as visões proféticas que João teve na ilha de Patmos.
Lemos, em Apocalipse 13.1, que ele viu uma besta, a qual tinha sete cabeças e dez chifres. Eles, conforme Apocalipse 17.12, também representam dez reis.
Vemos, assim, que no fim da presente dispensação, surgirá um conjunto de reinos que dará apoio político ao Anticristo.
(6) - Uma pedra cortada sem mão - Esta parte da visão fala da derrota do reino do Anticristo, que acontecerá como resultado da intervenção divina (v.34).
A Bíblia usa várias vezes o vocábulo “pedra”, como símbolo de Cristo. Exemplos: “Chegando-vos a ele, pedra viva…”(l Pé 2.4); “eis que ponho em Sião a pedra principal de esquina…” (l Pé 2.6); “sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16.18); “bebiam da pedra espiritual que os seguia, e a pedra era Cristo” (l Co 10.3); etc.
Ela feriu a estátua nos seus pés, isto é, destruiu o conjunto de reinos que apoiavam o Anticristo. Não só eles serão vencidos, mas também as duas bestas serão presas e lançadas no lago de fogo (Ap. 19.20).
(7) - “Fez-se um grande monte, e encheu toda a terra” (v.35) - Esta parte da visão fala da vinda de Cristo em glória, para estabelecer um reino mundial de paz. Ele terá como rei o próprio Senhor Jesus, e abrangerá toda a Terra.
IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A interpretação do sonho de Nabucodonosor fala da Onisciência e da Soberania de Deus. Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia (2 Pé 3.8). Ele se mostra nesta revelação como o Soberano de todos os tempos e povos. A história secular confirma que todas as previsões divinas, acerca dos reinos mundiais, cumpriram-se integralmente. E aquelas que falam de tempos, os quais estão por vir, com absoluta certeza, terão fiel cumprimento. Cristo aniquilará o reinado do Anticristo e estabelecerá um reino de paz que jamais será destruído: “Será estabelecido para sempre” (v.44).
E todos nós, que temos o privilégio de chamar este maravilhoso Deus de nosso Pai, pronunciamos de coração a oração que Jesus ensinou: “Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome. VENHA TEU REINO!”.
FONTE DE CONSULTA E PESQUISA: Lições da CPAD - 3º Trimestre de 1995 - Comentarista: Eurico Bergsten Por Ev. José Manoel - AD Içara