LIÇÃO 4 – A tentação de Jesus | 26/04/2015
INTRODUÇÃO
O autor da Epístola aos Hebreus diz que Jesus foi tentado em tudo (Hb. 4.15).
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
É a respeito desse assunto que estudaremos na deste final de semana. Inicialmente destacaremos a atuação de Satanás na tentação. Em seguida, refletiremos como Jesus venceu a tentação, através de uma vida consagrada e do uso das Escrituras. Ao final mostraremos como o cristão, seguindo o exemplo de Jesus, poderá vencer as tentações.[spacer height="20px"]
1. AS TENTAÇÕES DE SATANÁS
Satanás é o adversário, o inimigo dos servos de Deus, e se aproxima para tentar. Ele deseja incutir a dúvida nos corações dos crentes (Lc. 4.3,9).
E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
A primeira tentação do inimigo consistia em fazer Jesus usar seu poder em benefício próprio. Mas Jesus rejeitou proposta de Satanás, por isso Ele é atualmente Sumo Sacerdote, de modo que nos compreende e nos assiste em nossas tentações (Hb. 2.16-18; 4.14-16).
Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Diferentemente do primeiro homem, que não resistiu às afrontas de Satanás, caindo em pecado. O segundo Adão venceu os poderes dos inimigos, resistindo às forças do mal. Para vencer a tentação, dependemos das mesmas armas que Jesus utilizou: oração (Lc. 3.21),
E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu;
o amor do Pai (Lc. 3.22),
E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.
o poder do Espírito (Lc. 4.1)
E JESUS, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto;
e a Palavra de Deus (Dt. 8.3).
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem.
Uma das fontes do pecado é o egoísmo humano, Satanás pode se aproveitar dele para distanciar o cristão de Deus. Jesus venceu a tentação porque se fez servo, não usou seus atributos em benefício próprio (Fp. 2.5-8).
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Os crentes que quiserem vencer a tentação devem rejeitar todo e qualquer tipo de glória humana. A tentação de ser maior do que os outros pode levar à ruina. A Palavra de Deus nos é suficiente para alimentar nossa vida espiritual, mas a fama dos homens pode atrofiar a alma (Sl.119.103; Jr.15.16; I Pe.1.2). Muitos cristãos estão se distanciando da fé porque querem a glória que somente será recebida na eternidade no tempo presente, sem cruz não há glória (Lc.24.25-27).
E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.[spacer height="20px"]
2. JESUS VENCE PELAS ESCRITURAS
Satanás quer nos fazer desacreditar do amor do Pai, também a esperança em um reino vindouro. Por isso motivo, muitos estão trocando a expectativa pela eternidade pelos bens terrenos (Hb.12.1-3).
PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.
O inimigo utilizou indevidamente as Escrituras, tentando distorcê-la a fim de fazer Jesus pecar (Sl. 91.11,12).
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
A resposta de Jesus, sempre fundamentada nas Escrituras (Mt. 4.7),
Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
revela a exegese apropriada dos textos. Ninguém pode compreender as Escrituras sem atentar para Jesus, sua chave de interpretação (Lc. 24.47).
E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.
A leitura da Bíblia precisa ser feita apropriadamente, atentando para os princípios hermenêuticos, caso contrário o texto poderá ser instrumento para a queda. Uma das orientações fundamentais para compreender as Escrituras é atentar para o contexto, ou seja, para tudo o que está escrito a respeito de um assunto. A utilização de versículos descontextualizados, sem atentar para o que foi dito antes ou depois, pode resultar em aplicações indevidas. Desde o princípio Satanás quis interpretar indevidamente a Palavra de Deus (Gn. 3.1,2).
ORA, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
Não tem sido muito diferente nos dias atuais, existem pessoas utilizando passagens da Bíblia para satisfazer seus interesses. O movimento evangélico tem caído em descrédito, em muitos contextos sociais, por causa das interpretações equivocadas de alguns textos bíblicos.
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3. A VITÓRIA NAS TENTAÇÕES
As tentações fazem parte da condição humana, como aconteceu com Jesus, qualquer cristão pode ser tentado (Hb. 4.15; I Co.10.13). Nossa oração, seguindo o exemplo do Senhor, é para não cair na tentação (Mt.6.13),
E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
mas também devemos vigiar e orar (Mc. 14.38),
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
e resistir às afrontas do Diabo (Tg. 4.7).
Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Devemos ter o cuidado de não atribuir todas as tentações a Satanás, evidentemente ele se aproveita da natureza humana pecaminosa. Entretanto, o desejo desenfreado pode impulsionar as pessoas para o pecado (Tg. 1.13-15). Portanto, há momentos que o cristão deverá fugir de situações que favoreçam o pecado (II Tm. 2.22).
Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.
Ainda que apenas fugir, pelas próprias forças, não é suficiente. Somente poderão vencer as tentações àqueles que consagrarem suas vidas a Deus (Rm. 12.1,2).
ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Tenhamos cuidado com os pecados que foram naturalizados, e que muitos caem sem atentarem para o perigo, um deles é a ganância, que tem levado muitos à perdição, inclusive obreiros da seara (I Tm. 6.9,10).
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
Os primeiros pais pecaram porque colocaram os olhos naquilo que não deveriam, a soberba dos olhos também pode levar o crente a cair (I Jo. 2.16).
Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
Por isso a advertência de Paulo: andai em Espirito e não cumprireis as concupiscências da carne (Gl. 5.17).
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
Trata-se de uma batalha espiritual, entre forças antagônicas que habitam no crente (Rm. 7.17-20).
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
Para vencer, é necessário investir na produção do fruto do Espírito (Gl. 5.22).
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
O revestimento com a armadura de Deus é fundamental, para apagar as setas enviadas pelo inimigo (Ef. 6.14-17).
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CONCLUSÃO
Jesus foi tentado em tudo, mas na dependência do Espírito Santo, e no poder da Palavra foi capaz de resistir. De igual modo, os crentes devem lutar contra as tentações de Satanás, bem como contra as da natureza pecaminosa. Temos a promessa bíblica de que não seremos tentados além do que podemos suportar. Por isso, devemos confiar na providência de Deus, e também vigiar e orar. Não é cristão viver na prática do pecado (I Jo. 3.9), contudo, se alguém pecar, temos um Advogado, Jesus Cristo, que nos perdoa, e nos conduz adiante (I Jo. 1.9; 2.1,2).
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BIBLIOGRAFIA
STOTT, J. O incomparável Cristo. São Paulo: ABU, 2006. SWINDOLL, C. Jesus: o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
Por Ev. José Manoel de Souza - Diretor de Ensino da AD Içara